sábado, 6 de novembro de 2010

Mas ele não merece? Ele me trouxe chocolates, ele mereceu!

(..) Essa vida viu, Zé pode ser boa que é uma coisa. Tive um tempo que chorava muito, não me conformava e até reclamava com Deus. Culpa desse coração burrinho e da porra do romance que não me deixa em paz. Hoje em dia, está ótimo. Não choro, não reclamo e nem apaixono. Agora tô, ó, tá vendo? De pedra. Uma pedra no lugar do coração. Uma rocha, estou quase um macho bruto. (...) me viu chegando cedinho, com o dia amanhecendo? Tava bebendo uma com os amigos, nem bebi tanto viu, fui para conversar e espairecer a cabeça, ando muito ocupada viu? Baladinha leve. E de boa. Sabe quem tava lá junto com a turma? Esse mesmo. Ele veio até me trazer em casa. Que vergonha. Eu tava meio caindo pelas beiradas não era? Era sono. Tá, um pouco disso e um pouco daquilo também, mas basicamente sono. (...)

 Eu sou estudante, trabalhadora, responsável a procura de um grande amor. A procura mesmo viu? Por isso ando em tantos lugares. Nunca se sabe em que buraco escuro o seu principe encantado pode estar escondido, o lance é procurar em todos os lugares. Enquanto ele não vem me salvar. Estou me divertindo quando posso. Nao é esse o grande conselho do mundo? Quando sua casa cai, o seu amor te deixa, você se sente perdida e sem rumo. Não mandam você se divertir e não preocupar com nada. Eu faço é isso. Me divirto com todos eles. Eu já fui do choro viu? Eu chorava, escrevia um monte de poesia profunda, textos bonitos. Quando a gente se apaixona e tudo o mais e enche o saco dos amigos com aquela melação toda. Não fica todo mundo dizendo pra gente parar de tanto drama e se divertir? Poxa, to só obedecendo todo mundo. Seguindo a risca as dicas. Não é isso que todo mundo na minha idade acha super divertido? Beber, sair. Beber, baladar, beijar. Dançar, conhecer gente nova, chegar tarde e envelhecer e não sentir nada.
Sabe, vou te contar o meu drama. No começo, eu pensei que não poderia, que não conseguiria me desligar do coração e colocar no comando outras partes do corpo. No começo até doeu um pouco não sentir nada. Mas eu até que consegui. Estou ou não metendo mala nesse assunto? Eu não sinto mais nada, por ninguém. Nada. Uns vem e são comprometidos. Uns vão e são solteiros e muito novos. As garrafas tão lá, ao lado do lixo. As cinzas e provas da minha vida vazia saem por ai dançando. E minhas dores vão juntas. No dia seguiinte, eu acordo bem, acordo fina. Tomo um banho escutando musica. Passo protetor solar. E nadinha. Nem pena das dores do mundo eu consigo sentir.
 Eu já fui pura viu? Minha pureza era linda Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço Zé? Desculpa.

Mas é sabado. Tem risada alta, tem festinha, tem um milhão de carros ocupando todas as vagas da garagem, tem minhas roupas curtas e maquiagem. Promete não me julgar? Porque eu tentei, juro que tentei que desse certo, mas não deu. Agora eu vivo assim, mas meu coraçao ainda é bom. 
São tantos nomes, não é? Mas é só fazer que nem eu: chama todo mundo de “o outro”. Todos são outros. Porque o de verdade, Zé, o de verdade não existe. A gente chora, escreve lá umas poesias profundas, chora, mas um dia a gente acorda e descobre que esse aí não existe não. Depois tem domingo, um novo dia. Um novo outro qualquer. Eu queria te dizer que eu sinto muito. Mas eu não posso te dizer isso porque a verdade é que eu não sinto mais nada. Nadinha, Zé.


Uma hora a gente tem que acordar pra vida né Zé?! ;p

1 comentários:

Anônimo disse...

"Eu queria te dizer que eu sinto muito. Mas eu não posso te dizer isso porque a verdade é que eu não sinto mais nada. Nadinha, Zé." - proofundo esse trecho, me identifiquei!

Olha aí!

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